Professora do Instituto de Geociências da UFBA recebe prêmio do programa Para Mulheres na Ciência

 

A professora Ana Cecília Albergaria Barbosa, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA), foi umas das premiadas, na noite da última terça-feira (5), na 16ª edição do programa Para Mulheres na Ciência, um dos maiores projetos que visa promover e reconhecer a participação da mulher na ciência, no cenário nacional e internacional.

Idealizado pela L’Oréal, Unesco no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a premiação foi concedida para sete pesquisadoras que se destacam nas áreas das Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática. Todas as vencedoras são contempladas com uma bolsa-auxílio para prosseguir com os estudos.


Vencedoras do 16º prêmio Para Mulheres na Ciência. Ana Cecília é a penúltima da esquerda para direita (Foto: Divulgação L'Oreal)

Vencedora da categoria Ciências Químicas, a professora Ana Cecília investiga a presença de poluentes na Antártica. “Eu nunca tinha pensado em conhecer a Antártica, mas foi em um projeto de iniciação científica, na época da graduação, que eu tive a oportunidade de conhecer lá. Foi a minha primeira viagem internacional”, conta a docente ao relembrar o primeiro contato com o continente gelado.

Da graduação até o pós-doutorado a paixão pela Antártica só aumentou. Isso lhe rendeu algumas idas ao local para desenvolver, assessorar e coletar materiais para outros projetos. Atualmente, ela desenvolve, junto com a professora Tatiane Combi (IGEO/UFBA), dois projetos que estão vinculados com a Antártica. “No projeto que escrevemos para o prêmio vamos analisar a presença de contaminantes na Baía do Almirantado e no Estreito de Bransfield. Cada contaminante tem um tipo de rota até chegar na Antártica. Podendo ser por circulação atmosférica, migração dos animais, circulação oceânica e atividades locais”, explica a professora acerca de sua pesquisa. Ela ainda acrescenta que o estudo possibilitará saber como tais contaminantes chegam em um ambiente que, praticamente, não tem tanto impacto humano.


Professora Ana Cecília em uma de sua expedições para Antártica

 

Mãe, cientista e premiada

A Oceanógrafa, apaixonada pelo mar desde a infância, revela que o maior desafio de sua vida, não foi no âmbito da pesquisa, mas sim, na maternidade. “Hoje eu estou em um dos maiores desafios da minha vida, que é vincular a carreira como oceanógrafa e professora universitária, com a maternidade, em plena pandemia e 24 horas por dia.”, afirma.

Apesar do desafio, ela não apenas dedica ao pequeno Caio, seu filho, o prêmio, como garante que foi por conta dele que ela ganhou. O regulamento da premiação prevê um limite de tempo para participar do programa após o doutorado. Porém, as cientistas que são mães podem concorrer por mais um ano. “Se eu ganhei o projeto este ano, eu devo ao meu filho. Se eu não tivesse me tornado mãe, só poderia concorrer até o ano passado”, disse emocionada.

A professora Ana Cecília também nos conta que, ao longo da vida acadêmica na Oceanografia, é notória a desproporção, quantitativamente, entre homens e mulheres. “Isso ocorre por alguma razão que no meio do caminho perdemos muitas mulheres, pois elas enfrentam tantas coisas. Por isso digo que temos que ter persistência, resiliência e muita força de vontade”, finalizou.